"O presente estudo dialoga com lideranças e com grupos que se encontram na base das organizações sociais: os militantes e ativistas . A inclusão de ativistas e militantes na investigação, como ocorreu na 1ª Etapa da Pesquisa, em 2021, permitiu olhar os dois lados dos processos de representati
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vidade, mobilização e atuação no mundo digital. Pensar representatividade e inclusão digital à luz da democracia implica a procura constante de um olhar atento no sentido de incluir populações fragilizadas. Grupos que geralmente não são escutados nem contemplados em projetos, mesmo nos movimentos sociais. Nesta 2ª. etapa da pesquisa, acompanhamos lideranças de entidades com representação nacional, ligadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) mas também dedicamos a atenção a ativistas, militantes e lideranças entre a população 60 anos ou mais e a população LGBTQIA+. A escolha ocorreu porque na primeira fase do estudo, em 2021, a população 60 anos ou mais e a população LGBTQIA apareceram como os públicos mais esquecidos na hora de realizar projetos, segundo as respostas das lideranças de movimentos sociais." (Página 9)
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"Entre os achados do trabalho quantiqualitativo que partiu de um universo de 229 participantes: lideranças e militantes da cidade, do campo, das florestas e das águas das diferentes regiões brasileiras. Destaca-se que 47% do público entrevistado tem dificuldade no uso da internet; pessoas negras
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e pardas usam mais celulares; 59,1% das associações contatadas não têm área de informática. As constantes mudanças no mundo digital têm consequências direta nas práticas cotidianas de uso social e apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC). Essas mudanças alteram drasticamente as formas de representação de interesses, seja na área econômica, política, social, cultural, religiosa, sindical/ associativa e tecnológica, além de Influenciar o processo de construção das agendas, a tomada de decisão política, a formação de lideranças e também as políticas públicas. Por exemplo: cerca de 83% da população do Brasil tem acesso à internet no Brasil, no entanto, desse total, 58% das pessoas têm acesso apenas pelo celular. As desigualdades ficam ainda mais em evidência quando analisamos a situação de negros, periféricos, quilombolas, LGBTQIA+, mulheres e idosos. Por isso, a pesquisa é uma ferramenta para elaborar políticas públicas mais inclusivas." (https://institutolula.org/instituto-lanca-livro-sobre-transformacao-digital-nesta-terca)
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"O capítulo 1, “Reconhecimento e representação: sobre vozes, epistemicídio e resistências”, investiga e discute as formas, contextos e a constituição sóciohistórica, econômica e cultural da sociedade brasileira contemporânea e de seus grupos estigmatizados e precarizados, enfatizando
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o papel da posse, acesso, uso e apropriações diferenciadas das TIC. Na mesma direção, o capítulo 3, “A nova geração de telefonia móvel 5G já nasce com data de validade”, antecipase e se concentra na crítica dos modos como a inovação tecnológica digital, como conduzida no Brasil, vêm carrear novas formas de exclusão, opressão e sofrimento social. A partir da perspectiva original de Rheingold (1994) sobre as comunidades virtuais, em certa medida ingênua, pois que baseada em partilhas cordiais entre os indivíduos, outros pensadores vêm agregando elementos adicionais, mais críticos e problematizadores, capazes de contemplar conflitos e desigualdades de poder na luta e na militância política no ciberespaço e na cibercultura. Para contribuir com essa discussão, o capítulo 2, “Dimensões interseccionais da vulnerabilidade digital no Brasil”, introduz e expande a compreensão do fenômeno e dos conceitos associados às vulnerabilidades digitais, apontando para a necessidade da construção crítica de uma educação midiática focada na superação das condições da exclusão digital e na construção de cidadãos autônomos – e na (re)construção de suas vozes sociais, sua expressão e suas justas reivindicações materiais e simbólicas, na participação democrática. O tema é retomado de forma aprofundada no capítulo 4, “Educação midiática para a vida online: descolonização, diferença e alteridade”, que sinaliza a necessidade e a urgência de políticas, ações, iniciativas e medidas da educação popular no âmbito do aprendizado das, pelas e para as mídias digitais." (Apresentação, página 7-8)
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